A capoeira joga com a dureza da vida

37 A CAPOEIRA JOGA COM A DUREZA DA VIDA Unisinos há 18 anos. Pratico a capoeira desde 1974 e fundamos o Grupo Rabo de Arraia (eu e Mestre Jaburu) em 1995 e, de lá pra cá, sempre lutamos pela preservação da capoeira. Estamos até hoje fazendo várias frentes dentro da sociedade. Desde centros comunitários, comunidades de periferia e dentro da universidade também. Ensinando a capoeira em centros de comunidade pela prefeitura fiz o curso de educação popular e esse curso me deu mais subsídios acerca daquilo que eu já fazia na prática. Um curso que trabalhou filosofia, trabalhou um pouco de sociologia, estudamos os movimentos sociais, os movimentos da mulher, movimento negro, movimento dos sem-terra e de todos os oprimidos da sociedade. É por aí que se traçou esse percurso da educação popular. Muito bem forjado em cima de Paulo Freire, Gadotti, Guimarães, Brandão, Chauí, eu não conhecia isso ainda. Eu conhecia os mestres da capoeira. De tantas idas e vindas da Bahia, em 1992 eu morei em Salvador direto e tive o prazer de conviver com João Grande, João Pequeno, conheci Valdemar, Mestre Canjiquinha, conheci o pessoal da Regional: Itapoã, Xaréu, Ezequiel, Mestre Canhão, Vermelho 27, também estava focado neles porque queria saber a autêntica Regional. Mas foi na angola mesmo, no espaço de João Pequeno, onde eu fui mais acolhido, onde mais me identifiquei. Ali fui aprendendo muita capoeira, aliás, iniciando novamente a capoeira, por que até então eu estava jogando uma capoeira muito misturada, não estava definida ainda qual raiz eu estava treinando. Quando eu era do Grupo Cativeiro havia tido contato com a angola com Mestre Ananias aqui em Porto Alegre. Mas faltava mesmo chegar na Bahia e sentir a energia da Capoeira Angola.

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