A capoeira joga com a dureza da vida

19 A CAPOEIRA JOGA COM A DUREZA DA VIDA Figura 1: Grupo de estudos no CEVI em 2 de junho de 2018. Mestre Ratinho exibindo o livro Da diáspora, eu no espelho fazendo o registro visual e Contramestre Loah do Accara no canto direito. Definições à parte, senti-me provocado a tecer essa reflexão, entrelaçar, mostrar a pertinência das reflexões de Sodré (2017) e demais autores com o apoio do jamaicano Stuart Hall (2003), que deram maior potência à compreensão da capoeira e suas repercussões na vida de capoeiristas em Porto Alegre. Conforme aponta Hall: Em suas formas atuais, desassossegadas e enfáticas, a globalização vem ativamente desenredando e subvertendo cada vez mais seus próprios modelos culturais herdados essencializantes e homogeneizantes, desfazendo os limites e, nesse processo, elucidando as trevas do próprio ‘iluminismo’ ocidental (HALL, 2003, p. 44). Uma questão que considero importante a ser problematizada é a reprodução da ideologia dominante praticada pela antropologia do século XIX, em seu período de formar como disciplina, em relação às diferentes culturas pesquisadas. As escolas de pensamento da antropologia no século XIX consolidaram por muito tempo a ideia de diferentes estágios evolutivos da humanidade que vigoram em sociedades contemporâneas: a selvageria, a barbárie e a civilização. Assim, a crítica de Johannes Fabian (2013) reforçou minha convicção acerca do equívoco na produção de conhecimento cientí-

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